segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O Jeep brasileiro e o estepe na traseira

Além do Jeep Universal "Bernardão" 6225 101 4 portas (CJ-6) e dos 5224 (CJ-5) Militares , no Brasil existiram modelos que saíram de fábrica com o estepe originalmente posicionado na parte traseira da carroceria. A característica em comum entre estes modelos, exceto o protótipo de 1981, era a ausência da tampa traseira.
O primeiro a surgir, após o 6225 (Bernardão) , foi o modelo Jeep Biquíni 4x2, apresentado no Salão do Automóvel em 1966. Era uma espécie de Jeep de passeio, inspirado nos modelos norte-americanos Jeep Gala Surrey 4x2.


O segundo modelo, também 4x2, surgiu no início da década de 1970 na tentativa de simplificar o Jeep, atingindo o público jovem que buscava lazer e aventura e estava descobrindo os buggies. 


O terceiro foi o modelo de 1972, que durou muito pouco, assim como o Jeep Biquíni. Este modelo era mais esportivo e incrementado que o básico, pois a intenção não era ser o veículo mais barato do Brasil.
 Maiores detalhes sobre estes veículos você encontra no post de 27 de novembro de 2012, ou digite Jeep 4x2 no campo pesquisar deste blog.
Este da foto abaixo é o protótipo de 1981, que incorporava os acessórios comuns para a época e que, infelizmente, nunca chegou a ser produzido em série. Além dos acessórios foi modificado com várias melhorias mecânicas. Mas isso é assunto para outro post.


 Acima, o 6225 (CJ-6 4 portas).
 Na foto abaixo, um modelo 1977, com o padrão de colocação de estepe que marcou o Jeep civil.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Museu Militar Brasileiro - ACMMB - Panambi

Este é um daqueles lugares onde entusiastas da história militar e aficcionados pelas máquinas bélicas podem passar várias horas sem dar-se conta , comportando-se como crianças num parque de diversões. Um acervo interessantíssimo de viaturas de quase todos os tipos, peças e militarias aos montes, ou seja, história por todos os lados.
Tive o enorme prazer de conhecer este lugar dos amigos Steindorff, que são pessoas fora-de-série, foram poucas horas mas que valeram a pena, e espero voltar lá. Sem falar na lojinha de artigos militares e presentes, onde claro, saí com sacola cheia de "presentes para mim mesmo". 
Estou falando da Associação Cultural Museu Militar Brasileiro na cidade de Panambi, no Rio Grande do Sul, junto à BR 285, KM 420. Anexo ao Museu, mantido por particulares, funciona a Steindorff Viaturas, que comercializa peças, militaria e viaturas militares antigas. Acesse www.museuacmmb.com.br. Bom mesmo é ir até lá.
Algumas fotos que tirei  falam por si só:


















quarta-feira, 22 de outubro de 2014

CJ3A 1952 COM CAPRICHO DE PAI E FILHO



O primeiro Jeep Universal Willys CJ3A ficou pronto em 23/12/1948, na fábrica em Toledo, Ohio. Somente neste período foram produzidos 308 unidades, obviamente já como modelos 1949. Por isso,oficialmente este modelo surgiu em 1949. Nesse mesmo ano, foram exportados 600 Jeeps CJ3A Alpine (dos Alpes) para a Suíça. Em junho do mesmo ano, o Exército dos Estados Unidos encomendou 4.000 Jeeps M-38, a versão militar (na verdade militarizada) do CJ3A, cujo primeiro teste piloto deu-se no último dia de 1949. Foram produzidos cerca de 130.000 CJ3A nos seus cinco anos de produção. A produção encerrou em meados de 1953, de onde saíram da linha de montagem naquele ano 10617 unidades de CJ3A. O M38 já estava fora de linha desde julho de 1952. O final do ano de 1952 e até meados de 1953 possui um fato marcante na história do Jeep, pois dividiam a linha de montagem o CJA, CJ3B (surgido em dezembro de 1952) e o moderno M38A1 militar (surgido em junho de 1952) , que deu origem mais tarde ao CJ-5.

O exemplar de CJ3A que apresentamos neste post é um modelo 1952, muito bem restaurado e de propriedade do amigo, leitor do blog e entusiasta de Jeeps e outras máquinas antigas, inclusive bicicletas, Jivago.
Segundo nos conta, a história deste CJ3A iniciou-se por acaso, pois ele procurava um modelo "42" , o clássico Willys MB militar, cujo exemplar já era conhecido pela família, que havia possuído um na década de 70. Por isso, inicialmente, a ideia era militarizar o CJ.
Porém, em busca de maiores informações, decidiu-se por resgatar a originalidade quando um amigo de Vilha Velha, no Espírito Santo, opinou afirmando que um veículo militarizado será sempre militarizado, nem civil, nem militar originalmente. É um espírito santo mesmo esse amigo, pois ajudou Jivago a tomar essa sábia decisão.
Como nos relatou, o processo de restauração não foi fácil: viagem a longas distâncias atrás de peças, contatos com o exterior, trocas de ideias com amigos entendedores de todo o país, troca de oficinas, prejuízos com serviços mal executados e fornecedores descompromissados, quebra-cabeça para entender variações de cores, peças e detalhes que são invisíveis para muitos, mas se tornam alvos para os mais puristas... A semelhança com vários casos de restauração não é mera coincidência.
Essa "aventura"iniciou em 2005, e um fato muito legal relatado é que o processo possibilitou além da aprendizagem, dividir os momentos de trabalho com o seu pai. A restauração teve de ser interrompida por diversas vezes, sendo efetivamente retomada em 2013. Jivago nos conta que ainda serão adicionados alguns acessórios e que um veículo antigo é uma eterna composição, pois se acabarem os detalhes o Hobby não estará completo. Ele nos cita algumas características originais de seu CJ3A que revelam a sua dificuldade no restauro e o seu esmero na busca da originalidade:
S dos freios dianteiros;
Rodas Rebitadas;
Lanternas traseira americanas lente reta;
Lanternas dianteiras lente baixa;
Tampa traseira com recortes característicos;
Tanque boca larga e tampa original;
Mangotes de freio 6” americanos;
Porcas e estojos de rodas rosca esquerda;
Caixa de ferramenta com logo Jeep;
Limpador de parabrisaTrico a vácuo;
Jumelos em U;
Escapamento original passando acima da travessa;
Direção com sistema de duas barras;
Arranque no pé;
Relógios e botões do painel
Saidas de água laterais e inferiores no assoalho;
Detalhes dos estribos dianteiros com reforço na lata;
Entre outros tantos detalhes, todos itens citados seguindo fielmente o original.

 Segundo o catálogo Willys de 1952 o verde da carroceria é o Hatteras Green Gray


 Lanternas NACO americanas originais lente reta.


 Os primeiros CJ3A tinham o quadro de parabrisas pintado na mesma cor da carroceria. A partir de 1952 adotou-se a cor preta como padrão.

Segundo Jivago "os agradecimentos infelizmente não podem ser personalizados para que não corramos o risco de não esquecer ninguém, uma vez que muitos amigos nos ajudaram com conselhos, links, materiais, dicas, venda de peças e principalmente no incentivo para seguirmos em frente com o projeto visto que as dificuldades foram inúmeras."
* Texto elaborado pelo autor do blog segundo o relato enviado pelo leitor e colaborador. Fotos de autoria do leitor e proprietário do veículo. Permitida a reprodução citando a fonte.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

FILTRO DE ÓLEO NA EMBALAGEM ORIGINAL



Filtro de fevereiro de 1974 para Linha Willys/Ford. Cortesia do amigo Ivo Duarte. Só tenho as fotos, não o filtro, infelizmente.

sábado, 5 de julho de 2014

O Jeep Militar Argentino - Parte 2


Dando continuidade à abordagem histórica acerca do Jeep militar argentino, mais especificamente o modelo militarizado adotado como padrão, cabe salientar que as Forças Militares daquele país utilizaram também concomitantemente modelos importados como o M38A1, CJ3B, M606A2 e depois da cessação do Programa de Assistência Militar estadunidense, voltaram-se à Europa com a adoção de modelos UNIMOG da Mercedes-Benz.
Acima, um M38A1 americano, denominado VUG - Veículo de Utilidade Geral 1/4 ton 4x4 Willys.
As denominações iniciadas com "M" foram adotadas, segundo um fórum argentino especializado, no início da década de 1970 pela nova IKA-Renault, mas existe material de 1965 com essa denominação e serviam tanto para versões civis ou que se destinavam aos militares:

M101 (antes JA-3UA) era o Jeep mediano de tração 4x4
M102 (antes JA-3UB) era o Jeep mediano de tração simples
M103 (antes JA-2PA) era o Jeep Pick-Up (similar ao 101 Bernardão brasileiro) de tração 4x4
M104 (antes JA-2PB) era o Jeep Pick-Up (similar ao 101 Bernardão brasileiro) de tração simples

Também nessa época, desenvolveu-se o modelo M109, pick-up tração simples e motor Indenor XD 4.88 Diesel, de baixíssima produção  - entre 1971 e 1974 foram cerca de 424 unidades.

Em 1970 foram produzidos dois protótipos adaptados para uso militar . Um de carroceria "mediana" e outro "largo" (mais longo - Pick-up), ambos de tração 4x4. Eles eram a base para o modelo militar 101 que em 1974 seria incorporado ao Exército Argentino e outras Forças como a Armada (Marinha)  e até mesmo Forças Militares Uruguaias. Esses protótipos podem ser vistos em testes no material reproduzido abaixo:



 Abaixo, um IKA Jeep das Forças de Segurança uruguaias.

Não existem informações exatas sobre o número de unidades produzidas deste modelo militarizado, porém os argentinos estimam com grande probabilidade que não foram mais que 1.200 unidades no total, entre 1974 e 1976, portanto, são modelos bem raros. A produção dos M101 e M103 foram encerradas em 30/03/1976.Os modelos civis continuariam a serem fabricados por mais um ano e meio apenas, em versões 4x2.
O Exército Argentino, estima-se, recebeu 500 unidades de IKA-Renault M101 Militar (300 em 1974 e 200 em 1976). A Força Aérea adotou também vários M102.
Os modelos 1974 eram equipados com sistema de iluminação militar composto de lanternas de escurecimento ( torpedos) importadas ,americanas, em conjunto com chave seletora no painel para troca de luzes militares(escurecimento)/civis (de serviço). 





 Acima, no painel, a chave seletora que acionava os "faróis de escurecimento" (black-out) militares.
 Acima, traseira padrão dos modelos 1974.

Os M101 de série do Exército , não possuíam a palavra JEEP estampada nas laterais dos paralamas dianteiros, o parabrisas não era basculante (somente o quadro) e o curvão do painel não possuía a tampa de baterias como nos M38A1 , CJ-5 americanos ou os primeiros IKA de 1956/início de 57 "curtos".

Baseados no Kaiser M606A3 americano, foram modificados alguns IKA M101 para o sistema 24V. Para isso era equipado com 2 alternadores, um de 12V que abastecia o sistema normal e outro auxiliar de 24v fixado mais acima no lado direito do cofre do motor, além da adoção de relógio SIAP no painel para monitorar o sistema . Além disso, a bomba d`água tinha duas polias pois era comandada por uma correia para cada alternador. O de 24V abastecia 02 baterias em série para o sistema de comunicação (geralmente Philips VRC 3.600) e eram fixadas em uma base sobre o assoalho traseiro entre a base do paralamas esquerdo e a tampa traseira, que era fixa. O rádio de comunicação era fixado em uma base sobre o paralamas direito. Para completar, duas antenas eram fixadas com um suporte, uma em cada lado da traseira do veículo, no lado externo.
 Acima, um dos modelos com sistema elétrico 24 Volts.









Já os modelos 1976, tinham apenas 01 alternador, os aros dos faróis dianteiros eram mais quadrados (nas dobras, não no formato obviamente)  e todos os faróis eram do modelo civil, por isso atrás, não havia os enormes buracos para embutir as grandes lanternas militares da série M americanas. Ali foram colocados no lugar um farol giratório ou equipamento de rádio comunicação com base 12V ou uma base de antena, conforma a Unidade, ou ainda incluía-se lanterna de escurecimento no lado esquerdo traseiro.

Segundo o Manual do Exército Argentino RT-40-255 de 1' e 2' escalão, de 1977, o modelo 101 era denominado  VEE 1/4 Ton 4x4 - Jeep IKA Renault modelo 101. VEE significava "Vehículo Equipo Especial".
Acima, um exemplar dos modelos 1976, mais simples.
 Na imagem acima, percebe-se um outro modelo de capota, menos utilizada.
Abaixo, militares argentinos posam para foto durante o conflito nas Ilhas Malvinas, em 1982, entre Argentina e Inglaterra. Nota-se um IKA Jeep M101 à esquerda.
 Abaixo, parada militar, com modelos canhoneiros.
Ficha Técnica Jeep IKA M101:

Motor: Ika Continental 4L 151
Ciclo: 4 tempos, válvulas de escape e admissão laterais no bloco  

Disposição: Dianteiro Longitudinal
Cilindrada (cm3): 2.480
Número de Cilindros: 4
Diâmetro x Curso (mm): 84,1 x 111,1
Relação de Compressão: 6,86:1
Potência (CV): 77 a 3.600 rpm
Torque : 11,6 kgmf a 2.000 rpm
Tração: Traseira / 4 Rodas
Refrigeração: Agua (10,1 litros)
Combustível: Gasolina Comum
Sistema de Alimentação: Carburador Carter WCD 2807 S
Transmissão: 3 marchas a frente
Relação Final: 4,56:1
Capacidade de Combustível (litros): 70
Peso Vazio (Kg): 1.100
Comprimento (mm): 3.600
Largura (mm): 1.750
Altura (mm): 1.840
Distância entre-eixos (mm): 2.057
Bitola Dianteira (mm): 1.225
Bitola Traseira (mm): 1.225
Freios: a Tambor
Direção: Rosca sem-fim
Suspensão Dianteira: Eixo rígido
Suspensão Traseira: Eixo rígido
Pneus: 6.00 x 16"
Sistema Elétrico: Dínamo 6 V (12V a partir do final dos anos 60), 45 A
Consumo Médio ( Km./l ): 7,3 *
Aceleração 0 a 100 Km./h ( s ): 28,0 *
Velocidade Máxima ( Km./h ): 130 *
*Revista Parabrisas Nº 66, Junho de 1966


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