terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Os bancos do Jeep brasileiro (modelos 5224, 6224 e 6225)

O Jeep nunca foi um veículo considerado confortável, nem essa era sua pretensão. Mesmo para aqueles ou aquelas (não posso esquecer da Gisele e seu Jeep) que já estão acostumados a guiá-lo, com as características originais ou próximas a elas, sabem da "dureza" que é passar horas ao volante numa viagem mais longa por exemplo. É bem comum os proprietários de Jeep substituírem os bancos originais por outros bem mais confortáveis e seguros.
Bom, mas para aqueles que fazem questão de aderir ao "exercício" prazeroso de guiar um Jeep cujo até os bancos são originais, eles são itens obrigatórios numa restauração.
Procurei reunir aqui algumas informações, pesquisadas em várias fontes, como manuais, fotos de época, relatos de amigos e por observação, que embora não sejam totalmente definitivas ou incontestáveis, nos proporcionam um maior conhecimento sobre o tema.
O foco são os bancos do Jeep Universal 5224, 6224, 6225 fabricados no Brasil entre 1957 e 1983.
Desde os primeiros Jeep Universal 5224 (CJ-5) os bancos dos modelos civis eram divididos em dois na frente, sendo o do motorista mais largo, e o do caroneiro, mais estreito, pois era rebatível para acesso principalmente à caixa de ferramentas. Assim, acomodava até 3 passageiros na frente, com dificuldade, mas acomodava.

 Embora em fotos de época, principalmente as publicitárias, o Jeep aparecesse na maioria das vezes com o banco traseiro, esse era um item opcional e pedido a parte, sendo do tipo facilmente removível,embora não rebatesse o encosto. Alguns chegaram a ser equipados com presilhas fixadas em um pequeno cinto preso no meio da parte traseira do encosto, para maior segurança. (vide por exemplo revista QR jun 1977 pg 65).
Outro fato, um tanto curioso dado ao tipo de uso a que o Jeep era destinado usualmente à época, é a tonalidade dos bancos, geralmente em tons claros como cinza ou bege (palha). Porém, a partir da década de 1970 a predominância quase que total do preto era notada. Embora contribuísse para aumentar ainda mais o aspecto rústico do veículo, era mais conveniente.
Um detalhe difícil de ser notado e comprovado são as rugas, estrias ou frisos, como queiram chamar os detalhes no estofamento. Nas fotos de época, é quase impossível notá-los, sendo que todos parecem lisos, sem esses detalhes. Com exceção do Jeep Jovem e Jeep Biquíni, que são bem nítidos.
Ao contrário das Rural e Pick-up Willys/F-75. Porém alguns relatos e alguns modelos que vi apresentavam esses detalhes, como gomos no assento, sendo ausentes no encosto. É o caso de um exemplar 1957 por exemplo que já apareceu neste blog.

 Acima: modelo 1963. Abaixo ,modelo 1957 (notem no canto inferior direito).


 Mas nos Jeep de anos mais recentes, principalmente depois de 1964, e ainda mais na década de 1970 os bancos não apresentavam esse detalhe, sendo lisos. Esse parecia ser o padrão.
 Modelo 1967.

O Jeep brasileiro com os bancos mais confortáveis sem dúvida era o Jeep Jovem, versão especial de 1967, que era equipado com estofamento exclusivo, individual na frente, dividido por um console, e vinha em 3 tonalidades de cores: bege (palha), azul ou preto. Ele aparece inclusive no manual de 1966/67 do Jeep Universal Willys, juntamente com a capota exclusiva.
 Modelo 1970, abaixo.
Outro detalhe é que o revestimento do Jeep civil cobria toda a ferragem, que não ficava aparente, exceto nas "pernas". Já o Jeep militar, geralmente apresentava as armações aparentes. 
E por falar nos modelos militares, este possuíam os bancos dianteiros individuais, sem diferenças na largura entre o do passageiro e o do motorista, e quando vinha equipado com o banco traseiro, este era rebatível tanto no encosto como no assento, para facilitar o acesso atrás, onde eram fixadas a pá e o machado e por não possuírem a tampa traseira.

 A versão militar acima apresentava as ferragens e estofamento dos primeiros modelos (talvez tenha perdurado até início da década de 70).
 Acima, modelo mais recente do Jeep militar brasileiro, abaixo, modelo de 1963.

Nestes também o revestimento era liso, e na cor verde, geralmente em tom esmeralda. Os primeiros (acredito que até meados da década de 1960) possuíam um estofamento muito fino, sendo um pouco mais grosso no encosto e as armações (principalmente nas dobras ) eram diferentes dos modelos mais recentes. Porém, como pouco resistiam aos rigores militares, geralmente eram substituídos por mais grossos assim que os de fábrica estragavam. Eram todos em napa, sendo que os de lona não são originais dos modelos militares brasileiro, embora eram feitas modificações nos quartéis ,pois em certas regiões climáticas era mais conveniente, além da maior resistência.
O Jeep Universal 101, conhecido como "Bernardão", em sua versão 6224 (2 portas) podia ser equipado com estofamento sobre os paralamas traseiros, aumentando assim a capacidade de acomodar até 8 pessoas (com o motorista) ao invés de 2. Já o modelo 6225 (4 portas) possuía bancos que pareciam poltronas, sendo que na frente também era inteiriço. 





 
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