quarta-feira, 25 de abril de 2012

O jeep paraquedista - Parte 2


Dando continuidade ao post anterior vamos detalhar um pouco essa história de "Jeep paraquedista", nos primórdios. Você vai conhecer inclusive a história dos jeeps Piratas, Corsário e Flibustier.
No livro Armour Airborne, de Keith Flint, o autor revela na página 131, que em 10 de junho de 1944 esquadrões Halifax efetuaram com sucesso a soltura de 6 libras de armas antitanque e seus jeeps e afirmando que os britânicos foram os primeiros a soltarem de paraquedas e com sucesso, veículos de rodas em combate. Com a técnica VADL, paraquedas de desembarque vertical, o paraquedas desacelera mais verticalmente. Raciocinaram no sentido de que se pudessem arcar com os custos de preparação e execução desse tipo de operação  especial não seria preciso arcar com os prejuízos de um avião de asas fixas ter que pousar (se conseguir espaço) em área hostil, mas simplesmente chegar perto e sobrevoar o local desejado.
O aparelhamento de itens para fazer VADL é uma forma de arte que requer profissionais dedicados, além do que se os itens lançados de paraquedas não puderem ser recuperados  torna-se muito caro para operações contínuas.
Um documento ainda, revelou que um grupo de 4 jipes teria sido lançado na Bretanha e alguns também foram lançados com o SAS sediado na  Bélgica, em Morvan e em Viena, em agosto de 1944. Dizia ainda que tudo seria cancelado em caso de mau tempo e adiado para a Op. Amherst, na Holanda em abril de 1945.
Na ocasião algumas modificações foram feitas nos veículos, contudo não se destinavam a facilitar a queda por paraquedas. Foram as seguintes: reforço no chassis, colocação de proteções antes da colocação dos tanques adicionais sob os bancos, dois tanques auxiliares laterais protegidos por camadas de espuma, montagem de pivô entre os tanques para adaptar uma metralhadora, remoção do banco de trás, colocação de uma porca borboleta para manter o pneu sobressalente no lugar.

Os problemas que a RAF (298 th e 655 Squadrons) teve que enfrentar:

A queda de um veículo carregado é uma operação muito delicada. É necessário levar-se em conta vários fatores:
-peso da carga a ser libertada
-seu transporte (para dentro ou fora do compartimento)
-o sistema de lançamento e o apoio adaptado (placa absorvedora de choque por exemplo)
-restrições do tipo peso, força do vento, velocidade do avião
-identificação da zona de aterragem e comunicação visual e rádio com a equipe no chão
-restrições ao se aproximar da zona de altitude de queda (redução da velocidade, direção do vento...)
O fracasso das primeiras tentativas levou à adoção de uma placa de manutenção e transporte com amortecedores de espuma de borracha para absorver o choque no pouso, além de tiras, ganchos e mosquetões durante toda a operação. Depois de vários testes, o paraquedas de 42 pés de diâmetro foi mantido. Usavam-se até quatro deles por veículo. O aparato devia ainda, pelas exigências do SAS britânico, como força especial, ser fácil de desmontar para rapidamente utilizar o Jeep.
Os Jeeps dessa força tinham modificações herdadas daqueles utilizados no norte da África. Assim, não possuíam parabrisas, sem banco traseiro, o volante tinha uma porca com alça no centro para torná-lo destacável, metralhadora sem tripé (no deserto utilizavam tripé). Em 1944-45 ainda receberam blindagem.

As  operações necessárias para a preparação de um jipe paraquedista:
- desmontagem e acondicionamento na aeronave
- entrega dos acessórios e retirá-los dos recipientes
- instalação e fixação do veículo sobre as placas de amortecimento
-instalação dos 4 paraquedas de 42 pés, 2 na frente e dois atrás
-escolha dos "kits": 1 Jeep com reboque ou 2 Jeeps sozinhos
                              1 Jeep com reboque de armas 57 ou 75 mm ou 2 Jeeps nos Halifax
(Segundo o regulamento do QG dos SAS, nota de 30 de março de 1945, assinado Prendergast, previsões de operação AMHERST, extraído do Livreto do Ar, Ministério da Aeronáutica Britânico, publicação 2453-B Forças Airborne)


 Compartimento de bombas de um Halifax


Foto abaixo: 24- bolsa dos paraquedas  26- bolsa de abertura retardadas das tiras
                    27- faixe de borracha de manutenção da correia automática de abertura
                    28- ganchos tipo 914G  29- cabo de suspensão da unidade extratora de paraquedas
                    30- 4 cabos e 1 alça de puxar p/ cima







Os paraquedistas na França Livre sempre foram apreciados pelo comando britânico, sendo criada uma seção de experimentação de técnicas que utilizou um C-47 Dakota americano para lançamento por cabo. A técnica foi bem desenvolvida e foi testada em tamanho natural e condição real na noite de 17 p/ 18 de junho de 1944. Eram 4 jipes que respondiam pelo batismo de fogo com os nomes de Pirata1, Pirata2, Corsário e Flibustier. Foram embarcados a bordo de 4 bombardeiros Halifax do Grupo 161 e foram liberados no município de Sérent de St-Marcel.
A operação foi um sucesso parcial pois só um jeep caiu no DZ e dois caíram em árvores e demorou-se horas para recuperá-los, mas todos intactos. Um deles, no entanto caiu em uma grande árvore e dobrou-se em V. Porém , em 3 de agosto, uma operação de paraquedismo perdeu 6 jipes e foi a última da temporada pelo SAS, onde no dia seguinte 12 foram então transportados por planadores.











No próximo post você vai tomar conhecimento de um documento outrora confidencial e uma relação de operações registradas pela RAF na Segunda Guerra Mundial.
Definitivamente não há como negar que o Jeep também foi paraquedista.


Um comentário:

  1. Cada dia fico mais confiante que o Jeep foi feito para enfrentar qualquer desafio! Abraço!

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