Ironicamente, somente nos últimos anos de sua
produção o Jeep militar brasileiro diferenciou-se realmente daqueles de uso
civil, quando a Ford, em 1981, passou a atender às novas necessidades das
Forças Armadas e lançou um modelo equipado com sistema elétrico 24 volts com
adoção de novo alternador. Porém a ignição e faróis permaneceram 12 volts. Este
Jeep possuía ainda duas baterias 12V, uma fixada no suporte original e outra em
um novo fixado no lado esquerdo em posição similar.
Mas o que mais diferencia
estes modelos num primeiro olhar é o painel, bem diferente dos anteriores.
Modelo 1981 (sem pedaleira suspensa)
Modelo 1983
Possui instrumentação completa, com voltímetro, amperímetro, marcador de
temperatura e combustível, luz de advertência de baixa pressão do óleo e luz
indicadora de farol alto, tudo agrupado em um pequeno painel desmontável parafusado
no lado esquerdo da coluna de direção. O novo velocímetro, por isso, perde os
marcadores de temperatura e combustível e as luzes indicadoras de pressão do
óleo e falhas no sistema elétrico, porém é adotado um botão para zerar o
hodômetro, posicionado no lado esquerdo do mesmo. Ganhou ainda uma chave geral
de segurança do sistema elétrico posicionada bem à esquerda do painel com os 04
relógios. Próximo ao botão do afogador é posicionada uma pequena tecla para
troca de luz civil/militar nas lanternas de freio e direcionais. No lado
direito do velocímetro encontra-se o botão dos faróis.
O Jeep dessas versões
perde seu banco duplo traseiro e passa a utilizar em seu lugar um individual
atrás do banco do carona e sobre a caixa de roda do paralamas esquerdo traseiro
é posicionado um suporte para rádio-comunicação, que podia ser o RY 20, ERC 616
ou os PRC 77 e PRC 10 americanos. Podia ser equipado portanto com duas antenas
laterais, uma em cada lado, de modelo maior que as tradicionais e por isso
necessitava de uma chapa de metal como reforço nas furações dos suportes . Também
recebe como todos os modelos Jeep, reforços estruturais no chassi.
Em 1982/83 ganha ainda pedaleira suspensa (como os civis),
filtro de ar maior, para uso pesado, com entrada de ar mais comprida e quadrada
similar às picapes F-100, cilindro-mestre de freio grande com sistema duplo e
ignição eletrônica.
Estas unidades, produzidas de 1981 e até os últimos modelos
1983, seriam os denominados U-50, considerados por muitos como o verdadeiro
Jeep militar brasileiro e não uma adaptação de fábrica para uso militar, já que
dessa vez as diferenças eram substanciais. Porém esta denominação U-50 ainda é
controversa pois muitos acreditam erroneamente ser todos os modelos da era
Ford, e há aqueles que acreditam ainda se tratar de modelos exclusivos para
exportação, já que em 1983 muitas unidades com sistema 24 volts foram
exportadas para Chile e Bolívia até mesmo como “modelos 1984”. De fato, embora já popularizado, o Jeep Ford U-50 não era denominação exclusiva desse tipo de viatura militar e sim de todo os Jeep Ford do final dos anos 70 e início dos anos 80 que eram exportados, tanto civis quanto militares (que eram denominados versão U-50 Campagna em mercados de língua espanhola).
Jeeps Ford 1981 exportados para o Chile.
Ainda referente à nomenclaturas, cabe ressaltar que no
Brasil, o Jeep era tecnicamente denominado “5224” Jeep Universal, visto
que a Willys Overland do Brasil e depois a Ford nunca utilizavam a denominação
CJ-5 em plaquetas. Apenas a Ford nos anos 70 chegou a usar em propagandas. Quanto aos modelos militares, anteriores aos prováveis U-50, a nomenclatura era mantida como 5224, mas também adotou-se
outras conforme a destinação da viatura , sendo a M520 a mais comum, também
encontramos a M119 e a mais recente descoberta do também estudioso de Jeeps, o
amigo Alexandre Leite, a M510. Porém, o real significado, ainda permanece como
uma incógnita.
As Forças Armadas também utilizaram com pouquíssimas
modificações, os modelos 6224 e 6225 (4 portas), modelos alongados conhecidos
como “Bernardão”. O primeiro para substituir os M170 americanos e servir
principalmente como ambulância e o segundo para carro de comando.
Fato curioso também é que os militares receberam diversos
modelos civis de 5224, sem nenhuma modificação. Um amigo lembrou ter visto
várias vezes na Agromotor a chegada de jipes do EB e da Aeronáutica para buscar
peças de reposição e manutenção e para sua surpresa eram jipes com capota civil
e estepe na lateral, estribo nas laterais, bancos civis, idem sistema de
iluminação, apenas recebiam a pintura verde oliva. Porém, nesse caso, para receberem a placa preta como modelos militarizados, as unidades que porventura forem restauradas devem apresentar documentação que comprove que um dia pertenceram às Forças Armadas, pois suas características são de um modelo civil. Pelo menos esse seria o procedimento para clubes de veículos antigos que queiram preservar sua credibilidade.
Talvez por algum imprevisto nas entregas dos pedidos, ou
casos especiais, a fábrica remetia lotes
de modelos não militarizados, o que certamente não era recusado pelos
militares, visto que os que conhecem a realidade histórica de nossas Forças
Armadas sabem das dificuldades de manter-se uma viatura operacional por longos
anos, e receber uma 0km sempre é um fato bem-vindo.
Muitos desses modelos civis também eram adaptados para
tornarem-se “canhoneiros”.
Abaixo, modelo 5224 utilizado por contingentes brasileiros em Missões de Paz da ONU no Canal de Suez.
Boa noite, exista aqui no site alguma informação sobre o Ford Jeep F-20 brasileiro?
ResponderExcluirF-50. Procure por Jeep 4x2 no índice do blog.
ResponderExcluirF-50. Consulte Jeep 4x2 no índice do blog
ResponderExcluirBoa noite. o JEEP canhoneiro, era montado na fabrica? Era apenas uma adaptação para repor os M38A1C? Assim como os M170.
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